25/11/2024 | Por: O Dia on Line
Divulgação dos números ocorreu no Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado na última quarta-feira, 20 de novembro (Foto: Divulgação)
Casa da vítima, instituições de
ensino, ambiente virtual. Os locais são diversos e constam entre os cenários
onde houve registros de injúria racial e racismo em 2024, conforme dados
divulgados pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) nesta
quarta-feira, 20 de novembro, data em que é celebrado o Dia Nacional de Zumbi e
da Consciência Negra. Gratuito e anônimo, o Disque 100 recebeu mais de 3,4 mil
denúncias que abrangem mais de 5,2 mil violações de cunho racial entre janeiro
e o início de novembro de 2024.
"A Ouvidoria tem o papel de
receber, examinar e encaminhar denúncias de crime de racismo. É necessário que
o cidadão se sinta seguro e confortável para efetivar a denúncia, que é
encaminhada às autoridades competentes, como a polícia ou órgãos de defesa dos
direitos humanos. Isso ajudará a garantir que a conduta discriminatória seja
registrada e investigada. Por outro lado, há necessidade de analisar
indicadores para avançar na construção de políticas públicas de enfrentamento
ao racismo"
Denise de Paulo
Ouvidora nacional dos Direitos Humanos
A legislação brasileira qualifica
o racismo como crime inafiançável e imprescritível, conforme o Artigo 5º,
inciso XLII, da Constituição Federal de 1988. A Lei nº 14.532, de 2023,
atualmente tipifica a injúria racial também como crime de racismo, com pena de
dois a cinco anos de reclusão e multa. De modo geral, o racismo é definido como
um crime contra a coletividade, enquanto a injúria é direcionada ao indivíduo.
Ouvidora nacional dos Direitos
Humanos, Denise de Paulo explica o fluxo do canal de denúncias. "A
Ouvidoria tem o papel de receber, examinar e encaminhar denúncias de crime de
racismo. É necessário que o cidadão se sinta seguro e confortável para efetivar
a denúncia, que é encaminhada às autoridades competentes, como a polícia ou
órgãos de defesa dos direitos humanos. Isso ajudará a garantir que a conduta
discriminatória seja registrada e investigada. Por outro lado, há necessidade
de analisar indicadores para avançar na construção de políticas públicas de
enfrentamento ao racismo", afirma a gestora.
REGISTROS — Outros espaços
também constam como cenários de violações raciais, entre eles, o local de
trabalho da vítima, vias públicas, estabelecimentos comerciais, unidades de
saúde, órgãos públicos, serviços de abrigamento, delegacias e transporte
público. Já a relação “suspeito x vítima” envolveu vizinhos, desconhecidos,
empregadores, funcionários, colegas de trabalho, prestadores de serviço,
familiares, alunos, professores, diretores de escolas e de outras instituições,
e ex-companheiros, entre outros vínculos.
AUMENTO DE DENÚNCIAS — Nesta
gestão, o serviço está sendo mais divulgado e acionado pela população. Em 2023,
o Disque 100 registrou 3,1 mil denúncias de racismo e injúria racial e 4,6 mil
violações. Já em 2022, o serviço foi menos acionado, com 1,8 mil denúncias e
2,3 mil violações, seguidas por 1,4 mil denúncias e 1,4 mil violações em 2021.
Ressalta-se que em uma única denúncia pode conter uma ou mais violações.
OBSERVADH — Outra iniciativa
do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), o Observatório
Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH) fez um levantamento com dados que
apontam como o racismo amplifica as desigualdades sociais, além de submeter
pessoas negras a um contexto de maior vulnerabilidade e negação de direitos.
Um exemplo disso é que as pessoas
pretas e pardas são as que mais possuem o direito à infância e à adolescência
digna violado. Em 2022, 67% das crianças e 85% dos adolescentes assassinados no
Brasil eram negros e negras. As pessoas desse grupo étnico também são a maior
parte entre indivíduos em situação de rua no país. Ainda segundo o ObservaDH,
em 2023, elas eram 68% das pessoas que vivem nas ruas.
SEGMENTOS SOCIAIS — Também é
dificultado o direito das pessoas negras a envelhecer com dignidade. De acordo
com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2022, no
quesito raça/cor, mais da metade das pessoas idosas são brancas (50,6%), assim
como a população branca atinge idades mais avançadas do que a população negra
no Brasil. Ainda entre as pessoas idosas, a taxa de analfabetismo entre pessoas
idosas negras (23,3%) é mais que o dobro da taxa entre pessoas idosas brancas
(9,3%).
Já no campo das pessoas com
deficiência, as desigualdades raciais e de deficiência se cruzam no mercado de
trabalho. As pessoas negras com deficiência recebem cerca de 36% a menos que
pessoas brancas com deficiência e 44% menos que pessoas brancas sem deficiência.
Ademais, pessoas negras com ou sem deficiência têm a maior taxa de
informalidade comparadas às pessoas brancas também com ou sem deficiência,
sendo a diferença maior entre as pessoas negras com deficiência em relação às
pessoas brancas sem deficiência.
DISQUE 100 — Além de ligação
gratuita, o Disque Direitos Humanos recebe denúncias de violações de direitos
humanos por meio do WhatsApp (61) 99611-0100; Telegram (digitar
"direitoshumanosbrasil" na busca do aplicativo); página da Ouvidoria
Nacional de Direitos Humanos, no site do Ministério dos Direitos Humanos e da
Cidadania. Em todas as plataformas, as denúncias são gratuitas, anônimas e
recebem um número de protocolo para que a pessoa denunciante possa acompanhar o
andamento da denúncia diretamente com o Disque 100.
Jornalista responsável:
Jornalista Adalmir Ferreira da Silva
Registro nº 0042497/RJ
Diretora Executiva:
Joana D’arc Malerbe
Maricá/RJ (21) 98763-5117 nvedicaorj@gmail.com