22/11/2024 | Por: Notícias ao Minuto
(Reprodução)
Em depoimento à
polícia, a mulher que estava com o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas
Acosta, de 22 anos, na noite em que ele foi morto durante uma abordagem
policial, disse que Acosta tinha consumido bebida alcoólica e que eles tinham
discutido horas antes da polícia chegar.
O Estadão teve
acesso ao depoimento dela. No relato, a jovem de 21 anos ainda afirma que foi
agredida pelo rapaz. Ele bateu em sua cabeça tentando impedir que ela deixasse
o quarto em que estavam hospedados. O caso ocorreu na Vila Mariana, na
madrugada de quarta, 20. Marco Aurélio morreu no hospital após ser atingido por
um tiro à queima roupa disparado por um PM.
Aos
investigadores, a jovem contou que trabalha como garota de programa e que
conhecia o estudante havia dois anos. Nesse período, eles tiveram um
relacionamento amoroso, mas ela afirma que não deixou de cobrá-lo e, por isso,
ele teria uma dívida com ela de cerca de R$ 20 mil. A discussão entre os dois
teria sido motivada por conta dessas questões.
"Era
normal as discussões verbais entre a depoente e Marco Aurélio, tanto por
questões de dívidas financeiras, quanto ao fato da família de Marco Aurélio não
aceitar a relação da depoente com Marco Aurélio", diz o termo de
depoimento da mulher.
Ainda de
acordo com o depoimento, a jovem relata que encontrou Marco Aurélio por acaso
em um bar na Vila Mariana, na terça à noite, e viu que o rapaz estava ingerindo
bebida alcoólica. De acordo com ela, eles se cumprimentaram e ficaram distantes
um do outro. Ele foi embora do bar sozinho, mas horas depois, já na madrugada
de quarta, 20, o estudante teria enviado uma mensagem dizendo que queria
"ficar com ela novamente".
Ela diz que
aceitou encontrá-lo na intenção de cobrar o que ele devia, mas que não
pretendia ter relações sexuais. Ele teria pedido um Uber da casa dele e feito
uma parada para buscá-la na casa dela. Depois, foram até o hotel na Rua
Cubatão, onde, segundo a jovem, eles costumavam se encontrar.
Já dentro do
quarto, o estudante teria dado R$ 250 a ela e, ao ser cobrado do restante,
começou a discutir com a mulher. A jovem afirma que tentou diversas vezes sair
do quarto, mas foi impedida pelo estudante. Neste momento, conta que foi
agredida fisicamente por ele.
"A
depoente tentou novamente sair do quarto, quando Marco Aurélio bateu na cabeça
da depoente, a empurrando para longe da porta", diz o depoimento.
Segundo ela,
o recepcionista do hotel teria chamado a polícia após escutar a discussão. A
jovem diz que conseguiu sair do quarto, desceu as escadas do hotel e se
escondeu próximo à recepção. Marco Aurélio teria seguido a jovem e ido até a
rua. Ela afirma que, na sequência, escutou um policial entrar no
estabelecimento e perguntar por que o estudante teria batido na viatura. Em
seguida, escutou o disparo de arma de fogo.
"O recepcionista
pegou a depoente e a colocou na lateral, a impedindo de avistar os fatos",
diz o depoimento. "A depoente apenas ouviu um disparo de arma de fogo e
avistou posteriormente Marco Aurélio caído no chão."
Ele foi
socorrido acordado, gritando, e levado ao Hospital Ipiranga. Ela o acompanhou.
No hospital,
a mulher disse que foi hostilizada pela família do estudante. "A família
de Marco Aurélio chegou e começou a ofender a depoente, sendo que o irmão de
Marco Aurélio, de nome Pedro, desferiu um soco no rosto da depoente, gritando
que iria matá-la; (ela disse) que, os policiais militares afastaram a família
de Marco Aurélio da depoente, e a trouxeram para esta especializada (delegacia
de polícia, a DHPP)."
O estudante
de medicina estava desarmado e aparece em imagens de uma câmera de segurança do
hotel correndo da polícia. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) diz que os
policiais envolvidos na ocorrência foram indiciados e permanecerão afastados
das atividades operacionais até a conclusão das apurações.
"Toda a
conduta dos agentes é investigada. As imagens das câmeras corporais que
registraram o fato serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria
da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP)", afirma a SSP.
Jornalista responsável:
Jornalista Adalmir Ferreira da Silva
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