20/11/2024 | Por: G1 Rio
Mauro Cid ex ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
Ex-ajudante
de ordens não chegou a prejudicar Bolsonaro em suas delações e apenas com a
extração de dados do celular que se conseguiu mais elementos para a
investigação.
Essa não é a primeira vez que os investigadores
desconfiam da delação premiada de Mauro Cid. Desde o começo dos depoimentos do
ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), era esperado que ele não iria
fazer grandes revelações. Por isso, a apreensão do celular de Cid foi o bem
mais precioso para a investigação porque, a partir da extração dos dados,
foi-se revelando todos os passos da tentativa de golpe.
Mauro Cid deu um novo depoimento à Polícia Federal
nesta terça (19). Ele foi chamado para dar esclarecimentos após a PF recuperar
dados apagados do computador dele e também foi interrogado sobre o plano
golpista para matar Lula, Alckmin e Moraes, revelado em operação da PF no mesmo
dia.
Após o depoimento, a Polícia Federal (PF) enviou ao ministro Alexandre
de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), um relatório em que aponta omissões e contradições no depoimento do
tenente-coronel. O ministro pediu que a Procuradoria-geral da República (PGR)
se manifeste sobre o tema para decidir se cancela os benefícios concedidos a
Mauro Cid com a delação.
Logo que ele assinou o acordo de delação com a PF em 2023, a avaliação
era de que, como ele sempre foi a "sombra" do ex-presidente e que
estava por dentro de tudo o que acontecia no governo, ele poderia fazer grandes
revelações caso decidisse contar tudo o que viu.
Mas não foi isso o que aconteceu.
Espera-se que um delator mostre os caminhos da investigação, mas Cid não fez
isso. Segundo investigadores com quem o blog conversou
à época da assinatura da delação, os fatos contados pelo ex-ajudante de ordens
até serviram para preencher alguns buracos, mas não mudaram o rumo das
investigações ou trouxeram alguma informação bombástica. O que foi mais importante,
a PF conseguiu sozinha, que foi o celular de Cid.
O aparelho foi apreendido quando
Cid foi preso em maio de 2023 durante operação da PF que
apurou inclusão de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde sobre a
vacinação de Bolsonaro. A extração dos dados do aparelho
foi concluída em 17 de maio daquele ano.
Não há um ponto da delação de Cid
que se tornou pública que tenha prejudicado Bolsonaro de alguma maneira. A
percepção da PF é de que o Cid sempre tentou proteger o ex-presidente,
inclusive quando entregou informações que, lá na frente, poderiam complicá-lo.
Cid só delatou sobre a existência
de uma reunião sobre a minuta do golpe depois que teve os benefícios de sua
delação premiada colocada em risco pela primeira vez. Quando houve esse risco,
ele teve que voltar a depor e aí, sim, contou da reunião de Bolsonaro com os
comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Essa reunião não configuraria
crime apenas pelo relato de Cid porque delator precisa aponta provas. Por isso,
a partir do relato, a polícia foi atrás do depoimento dos comandantes das
Forças Armadas e conseguiu dois importantes: o do general Freire Gomes e o do
almirante Almir Garnier. Esses depoimentos mostraram que Bolsonaro
estava discutindo uma minuta de golpe de Estado.
O relato de Cid à PF não
prejudicaria Bolsonaro, a não ser que ele tivesse provas. E Cid não entregou
nenhuma prova. Quem conseguiu colher provas foi a PF com o depoimento dos dois
comandantes.
Prisões
de Cid
Mauro Cid
foi preso pela primeira vez em maio de 2023, na operação que
investiga a falsificação de cartões de vacinação de Bolsonaro, parentes e
assessores. Em setembro, após quase seis meses detido, ele fechou um acordo de
colaboração premiada com a Polícia Federal, que foi homologado pelo ministro
Alexandre de Moraes, e deixou a prisão.
O ex-ajudante de ordens foi preso
novamente no dia 22 de março deste ano, durante depoimento à Polícia Federal
(PF), após o vazamento de áudios que mostram uma conversa em que Cid faz
ataques à corporação e ao STF. A Justiça entendeu que ele desobedeceu regras da
delação premiada ao falar sobre as investigações.
Ele foi solto em 3 de maio por
determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), e deve cumprir uma série de restrições, como usar tornozeleira eletrônica
e não se comunicar com outros investigados.
Entre
as medidas que devem ser cumpridas, estão:
Proibição de deixar Brasília e o
país, com a obrigação de entregar os passaportes;
Recolhimento domiciliar no
período noturno e nos finais de semana com uso de tornozeleira eletrônica;
Suspensão imediata de quaisquer
documentos de porte de arma de fogo;
Proibição de utilização de redes
sociais;
Proibição de contato com os
demais investigados, com exceção de esposa e pai.
Operação da PF
A Polícia Federal deflagrou nesta
terça-feira (19) uma operação que revelou um plano de militares
do Exército para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF).
O plano — batizado de Punhal
Verde e Amarelo — foi traçado no fim de 2022, pouco antes de Lula e Alckmin,
que venceram a eleição daquele ano, tomarem posse.
Quatro militares do Exército e um
agente da PF, envolvidos com a estratégia golpista e homicida, foram presos.
As informações sobre os
preparativos para matar as autoridades e dar um golpe de Estado foram
encontradas pela PF, com ajuda de um equipamento israelense, em celulares e
computadores dos investigados.
Jornalista responsável:
Jornalista Adalmir Ferreira da Silva
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Diretora Executiva:
Joana D’arc Malerbe
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