09/11/2024 | Por: Notícias ao Minuto
(Reprodução)
O empresário
Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto a tiros no Aeroporto Internacional
de Guarulhos, na Grande São Paulo, nesta sexta-feira, 8. A ação ocorreu no
Terminal 2, destinado a voos domésticos. Ele era delator de uma investigação
sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Entre os
bandidos, dizia-se que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator.
Uma dupla, com dois fuzis, realizou pelo menos 27 disparos, conforme a perícia.
Gritzbach foi atingido em várias partes do corpo, como cabeça, tórax e braços.
Dois
motoristas de aplicativo e uma passageira que desembarcava de outro voo foram
baleados, mas a informação até o início da noite era de que o quadro de saúde
dessas vítimas era estável. Pelo menos um deles estava dentro do aeroporto
quando foi atingido.
Dois
suspeitos chegaram a ser detidos, mas depois foram liberados por não terem
relação com a execução. Depois, a polícia localizou em Guarulhos o Volkswagen
Gol Preto usado no crime. A investigação ficará a cargo do Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa Humana.
Dentro do
automóvel, a polícia encontrou um colete à prova de balas e munição de fuzil. O
carro está sendo periciado em busca de impressões digitais e outras provas que
possam levar à identificação dos atiradores
O delator
voltava de viagem com a namorada quando foi atacado a tiros - não há
informações sobre se ela está ferida. Segundo o advogado Ivelson Salotto, os
três seguranças que aguardavam o casal no aeroporto seriam policiais militares
de "extrema confiança" que faziam bico de seguranças para o delator.
Ex-diretor
da Porte Engenharia e Urbanismo, uma das maiores construtoras da cidade,
Gritzbach fechou acordo de delação premiada, homologado pela Justiça em abril.
As negociações com o Ministério Público Estadual duravam dois anos e ele já
havia prestado seis depoimentos.
Em nota, a
Porte diz que foi informada pela imprensa acerca da morte de Gritzbach,
"com quem não mantém negócios há anos". Também afirma que ele foi
"corretor de imóveis na empresa apenas entre 2014 e 2018".
Na delação,
falou sobre envolvimento do PCC, a maior organização criminosa do País, com o
futebol e o mercado imobiliário. O empresário também deu informações sobre os
assassinatos de líderes da facção, como Cara Preta e Django.
Segundo o
Estadão apurou, ele também mencionou corrupção policial e suspeita de pagamento
de propina na investigação da morte de Cara Preta. Procurada pela reportagem, a
Secretaria da Segurança Pública ainda não se manifestou.
Gritzbach já
havia sido alvo de um atentado na véspera do Natal de 2023, quando um tiro de
fuzil foi disparado contra a janela do apartamento onde mora, no Tatuapé, na
zona leste, mas o autor errou o alvo. A reportagem apurou que a polícia já
identificou o responsável por esse atentado.
"Eu
havia sido contra a delação porque eu sabia que não ia terminar bem",
disse Salotto. "Ele denunciou policiais corruptos e bandidos. Quem poderia
matá-lo?"
A
investigação ficará a cargo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP). "A delação foi a sentença de morte dele", acrescentou
Salotto.
O que
Gritzbach disse na delação?
Gritzbach
trabalhou na Porte até 2018. Aos investigadores, ele disse que conheceu os
integrantes da facção "no âmbito do ambiente de trabalho da Porte"
por meio de um corretor de imóveis em razão da venda de dois apartamentos no
Tatuapé, na zona leste, paulistana, região que virou um reduto da cúpula do PCC
nos últimos anos.
O Ministério
Público Estadual (MPE) está investigando a Porte, sob a suspeita de ter vendido
mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas, segundo a delação do
ex-funcionário. Segundo a delação premiada, executivos da Porte receberam
pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e sabiam de registros de bens em
que o nome do verdadeiro proprietário ficava oculto.
Em agosto,
quando o Estadão revelou a investigação, a Porte afirmou que não sabia do
conteúdo da investigação e afirmou que colaboraria com as autoridades, caso
acionada. A construtora disse desconhecer que entre os clientes do
ex-funcionário estivessem pessoas ligadas ao crime organizado
Empresário
negava ter mandado matar traficante
Anselmo
Bechelli Santa Fausta, conhecido como Magrelo ou Cara Preta, era um dos
principais traficantes do PCC. Gritzbach dizia que conheceu Cara Preta porque
ele seria dono de dois apartamentos no Tatuapé que foram vendidos por um
corretor de imóveis que ele conhecia.
Ligado ao
envio de drogas para a Europa, Cara Preta era acionista da empresa de ônibus
UPBUs. Em apenas 9 meses de 2020, Cara Preta movimentou R$ 160 milhões em
contas bancárias, segundo relatório de inteligência financeira do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A direção da UPBUs nega ter lavado
dinheiro do PCC.
O traficante foi
assassinado em 27 de dezembro de 2021 em uma emboscada no Tatuapé. Gritzbach
negava ser mandante da execução de Cara Preta e também de Sem Sangue, que fazia
a segurança do chefe da facção.
Jornalista responsável:
Jornalista Adalmir Ferreira da Silva
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