02/11/2024 | Por: Notícias ao Minuto
(Reprodução)
SÃO PAULO, SP
(UOL/FOLHAPRESS) - Mais três policiais militares foram afastados por
envolvimento nas mortes de dois jovens na comunidade Jardim Vitória e pela
agressão a familiares dos mortos durante o velório em Bauru, no interior de São
Paulo. Quatro agentes já foram afastados.
Afastamento
dos três PMs foi anunciado na quinta-feira (31), pela SSP (Secretaria de
Segurança Pública) de São Paulo. Outro policial militar já havia sido retirado
das funções no dia 22 de outubro, conforme informou o governo paulista.
"A
Polícia Militar esclarece que dois policiais envolvidos na ação do velório
foram afastados das atividades operacionais, além de outros dois em decorrência
das mortes em confronto", diz nota enviada à reportagem.
Policiais
entraram no velório e agrediram familiares ao lado do caixão. O caso ocorreu no
dia 18 de outubro, um dia após a morte de Guilherme Alves Marques de Oliveira,
18, e Luis Silvestre da Silva Neto, 21, na comunidade Jardim Vitória. Em
entrevista ao UOL, a auxiliar de cozinha Nilceia Alves, 43, contou que ela e o
filho mais velho foram agredidos por PMs enquanto velavam o corpo de Guilherme.
Vídeos
gravados por parentes mostram que as agressões ocorreram ao lado do caixão. Ao
menos cinco PMs entraram no velório e, segundo a família, a confusão começou
porque uma viatura da PM parou em frente ao cemitério assim que o corpo de
Guilherme chegou ao local. "Um policial começou a dar risada, falando que
o sistema tinha vencido. Aí, as pessoas se revoltaram e começaram a bater boca.
E eles ameaçaram invadir o local, e fizeram", disse Nilceia.
O ouvidor
das polícias, Claudio Silva, pediu apuração rigorosa da Corregedoria da Polícia
Militar. "Flagrante atos de violência contra os presentes, incluindo a mãe
de um dos jovens ali velados. Imediatamente determinamos a abertura de
procedimento para solicitar a Corregedoria da PM apuração rigorosa de todo o
caso, desde a morte dos dois jovens até a injustificável cena verificada no
velório", diz nota enviada à reportagem.
"É
importante registrar que, desde o episódio das operações na Baixada Santista,
familiares das vítimas tem denunciado a presença hostil de policiais em
velórios, em total desrespeito ao luto das famílias, que se sentem intimidadas
pela ostensiva presença da PM nestas ocasiões. Percepção que merece atenção,
atitude que não pode virar padrão."
MÃE
DIZ QUE FILHO MORTO ERA INOCENTE
Dois jovens
foram mortos durante uma operação da PM no dia 17 de outubro. A Polícia Militar
esclareceu que a dupla foi baleada em confronto e que armas e drogas teriam
sido encontradas com eles. O UOL não conseguiu contato com familiares de Luis
Silvestre da Silva Neto.
Segundo a
pasta, houve a intervenção e os suspeitos foram atingidos. O resgate foi
acionado e constatou os óbitos no local. "Com eles, foram localizadas
porções de entorpecentes, que foram apreendidas, assim como as armas que eles
usavam", segundo resposta do governo paulista.
Intervenção
policial. O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial,
tráfico de drogas, associação para o tráfico, localização/apreensão de objeto e
tentativa de homicídio pela Delegacia Seccional de Bauru.
Nilceia nega que
Guilherme tivesse envolvimento com o tráfico de drogas. A auxiliar lembra que o
filho completou 18 anos no dia 27 de setembro e trabalhava com conserto de
celular. "Não existe nada disso do que eles estão falando. O Guilherme era
um menino de 1,40 m, pesando 40 kg. Nunca foi envolvido com coisa errada, nunca
passou no Conselho Tutelar, nunca colocou uma mão em uma arma. O Guilherme não
sabia descascar uma laranja", contou.
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Jornalista Adalmir Ferreira da Silva
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