31/10/2024 | Por: Notícias ao Minuto
(Reprodução)
BELO HORIZONTE,
MG (FOLHAPRESS) - A prisão do bicheiro Rogério de Andrade na última terça-feira
(29), suspeito de ter ordenado o assassinato do rival Fernando Iggnácio, em
2020, é mais um capítulo da guerra pelo espólio de Castor de Andrade.
Um dos
maiores bicheiros cariocas, ele sofreu um infarto em 1997 enquanto cumpria
prisão domiciliar. Sua morte desencadeou uma guerra sobre o controle do jogo do
bicho e das máquinas caça-níqueis em territórios da zona oeste do Rio.
Sobrinho de
Castor, Rogério era considerado um de seus principais aliados, enquanto
Iggnácio era genro do bicheiro, casado com Carmen Lúcia.
Após a morte
de Castor, Rogério e Iggnácio compartilharam o legado dele por um tempo, mas
depois passaram a disputar o controle do jogo do bicho.
O
assassinato pelo qual Rogério foi preso na terça aconteceu há quase quatro
anos, em 10 de novembro de 2020, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do
Rio.
Iggnácio foi
morto com vários tiros quando caminhava até um carro no estacionamento de um
heliponto. Ele voltava de Angra dos Reis, na Costa Verde, e havia acabado de
desembarcar de um helicóptero.
Em março de
2021, a Promotoria denunciou Rogério de Andrade pelo crime. Em fevereiro de
2022, no entanto, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu,
por maioria de votos, trancar a ação penal contra o contraventor, alegando
falta de provas que demonstrem seu envolvimento no crime como mandante.
Novas
investigações conduzidas pelo Gaeco teriam revelado supostos crimes
relacionados à disputa entre Rogério e Iggnácio, afirma o Ministério Público.
Em sua
defesa, os advogados de Rogério de Andrade afirmaram à época que a denúncia é
genérica e falha em esclarecer como ele teria planejado ou ordenado a execução
do crime, além de não apresentar provas concretas que justifiquem a imputação
de autoria
Rogério
ainda é suspeito de ser o mandante do assassinato de Paulo (Paulinho) de
Andrade, em 1998. Filho de Castor, ele não havia concordado com a divisão do
espólio do pai entre o primo Rogério e o cunhado Iggnácio, o que gerou um
conflito à época.
QUEM
É QUEM NA FAMÍLIA ANDRADE
CASTOR
DE ANDRADE
Um dos
maiores bicheiros do Rio, a área sob seu domínio do jogo do bicho e de
caça-níqueis era, principalmente, na zona oeste carioca. Conhecido por também
ter sido presidente do clube de futebol Bangu e patrono da escola de samba
Mocidade Independente de Padre Miguel, morreu em 1997, de um infarto, aos 71.
PAULINHO
ANDRADE
Filho de
Castor. Disputou com Rogério de Andrade a divisão do espólio do pai. Foi
assassinado junto a seu segurança na Barra da Tijuca, em 1998. Meses depois, a
polícia identificou o ex-policial militar Jadir Simeone Duarte como o autor dos
disparos. Em depoimento, Duarte acusou Rogério de ser o mandante do crime.
FERNANDO
IGGNÁCIO
Casado com
Carmen Lúcia, filha de Castor. Assumiu parte da herança do bicheiro e viveu em
eterna disputa com Rogério de Andrade.
A partir da
segunda metade dos anos 1990, passou a controlar a Adult Fifty, empresa que
operava máquinas de caça-níqueis em toda a zona oeste, enquanto Rogério teria
começado a disputar o lucro da região.
Em 2001,
Rogério sofreu um atentado em um apart-hotel. Conforme seu depoimento, ele foi
recebido a tiros, mas conseguiu escapar e entrou em luta corporal com o
atirador, que fugiu. Na ocasião, Iggnácio foi apontado pela polícia como
suspeito de ser o mandante.
ROGÉRIO
DE ANDRADE
Sobrinho e
um dos principais aliados de Castor enquanto era vivo. Além do atentado de
2001, foi alvo de outra tentativa de homicídio em 2010, na avenida das
Américas, no Recreio dos Bandeirantes.
Na época,
uma bomba foi plantada sob o carro blindado do bicheiro, que estava no banco do
carona. Seu filho, Diogo Andrade, 17, que dirigia o veículo, morreu.
A morte do
filho também é considerada pela polícia como uma das motivações, além da
disputa pelo jogo do bicho, que teriam levado Rogério a ordenar a morte de
Iggnácio.
Rogério
também é considerado como um dos suspeitos de ter ordenado a morte de Maninho
Garcia, em 2004, bicheiro que atuava na Tijuca, no centro e na zona sul do Rio.
Na época, as
ameaças de atentado em torno dos líderes do jogo do bicho cresceu, e Rogério de
Andrade decidiu reforçar sua segurança pessoal. Para isso, contratou policiais
temidos por seus métodos violentos, entre eles Ronnie Lessa, réu pela morte da
vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.
Jornalista responsável:
Jornalista Adalmir Ferreira da Silva
Registro nº 0042497/RJ
Diretora Executiva:
Joana D’arc Malerbe
Maricá/RJ (21) 98763-5117 nvedicaorj@gmail.com