26/10/2024 | Por: Notícias ao Minuto
(Reprodução)
SÃO PAULO, SP
(UOL/FOLHAPRESS) - A advogada Anic Peixoto Herdy foi morta por estrangulamento
causado por uma abraçadeira, também conhecida como enforca-gato. As informações
constam no laudo de exame de necropsia ao qual o UOL teve acesso.
Anic foi
morta por asfixia mecânica e depois enterrada, concluiu o perito. O corpo dela
foi encontrado concretado no muro de uma obra em Teresópolis, no Rio, em
setembro. A polícia foi levada até o local por Lourival Fatica, assassino
confesso.
"Pela
ausência de material terroso na árvore respiratória, quando enterrado o corpo
estudado já era cadáver, ou seja, NÃO foi enterrado com vida", diz trecho
do material. O laudo indica que o corpo ficou enterrado por pelo menos seis
semanas.
Em seu
primeiro depoimento, Lourival alegou à polícia que matou Anic com um soco no
pescoço. Ele diz que o soco causou um sangramento intenso e que usou o
enforca-gato, que estava em uma caixa de ferramentas no carro, para estancar o
sangue.
A defesa de
Lourival Fatica diz que ele reafirmou o uso da abraçadeira durante a reprodução
simulada da morte de Anic. "O encontro de sangue no lençol com a marca do
hotel arrecadado no local da ocultação do corpo confirma integralmente a versão
do acusado quanto ao modo de execução do crime de homicídio", afirmou a
advogada Flávia Fróes em nota.
Anic era
casada com o professor Benjamin Cordeiro Herdy, 78, há 20 anos. Ele é dono de
uma fortuna herdada do pai, que fundou o complexo educacional que deu origem à
universidade Unigranrio, no Rio de Janeiro.
Lourival
Correa Netto Fadiga, conhecido como "Fatica" ou "Gordo",
era funcionário do marido de Anic e se passava por policial federal. Ele se
aproximou da família há três anos e ganhou a confiança de todos, principalmente
de Benjamin.
Lourival diz
que matou e escondeu o corpo de Anic no mesmo dia, em 29 de fevereiro. Imagens
mostram Anic sozinha em um shopping de Petrópolis horas antes do crime. Ela
deixou o local para se encontrar com Lourival em um motel, onde foi morta com
um soco na traqueia. Segundo a advogada Flávia Froes, que defende Lourival, ele
enrolou o corpo em um lençol e o carregou até o carro.
Suspeito diz
que morte foi planejada e encomendada por marido. Lourival diz que ele e
Benjamin Cordeiro Herdy forjaram um sequestro para encobrir o homicídio.
"Era um pano de fundo para enganar a todos, inclusive a própria filha [de
Anic e Benjamin, que relatou o sumiço], mas não foi o plano perfeito porque ela
desconfiou e gravou uma conversa entre Lorival e o pai", afirmou Flávia Froes
à Record.
A motivação
do crime seria uma questão familiar, segundo Flávia, que não quis detalhar o
assunto. A defesa diz que vai apresentar provas à polícia.
A defesa de
Benjamin Cordeiro Herdy diz que a confissão de Lourival é "um ato de
desespero e crueldade" e que ele tenta desestabilizar Benjamin e a filha
Lara, que serão ouvidos pela polícia em breve. "Lamentavelmente, essa
empreitada conta com o apoio da defesa, que deveria se limitar ao aspecto
técnico. Talvez acreditando que o exercício do inafastável direito de defesa
lhe confere imunidade absoluta, Lourival, por intermédio dos seus procuradores,
há muito pratica reiterados abusos e excessos, incluindo-se, a toda evidência,
a falsa imputação pública de crime a Benjamim", afirmou o advogado João
Vitor Ramos em nota.
Lourival
está preso desde abril. Ele não conseguiu um acordo de delação premiada, mas
decidiu fazer a confissão para beneficiar os filhos Maria Luiza Vieira Fadiga e
Henrique Vieira Fadiga, que também foram presos por envolvimento no crime, e
Rebeca Azevedo Santos, apontada como sua ex-namorada. "Essa colaboração se
deve ao fato da verdade ser a única forma de libertar os três inocentes no
processo, os dois filhos e Rebeca, que estão enredados inocentemente em um
crime de sequestro", afirmou Flávia.
COMO
ESTÁ A INVESTIGAÇÃO DA POLÍCIA
A polícia
acredita que Lourival armou um sequestro para pegar dinheiro da família.
Segundo a investigação, ele recebeu todo o dinheiro e chegou a comprar um carro
avaliado em R$ 500 mil no nome da filha, Maria Luiza Vieira Fadiga, uma compra
rastreada pela polícia.
Após a
prisão, ele afirmou que a morte e o falso sequestro foram armados por Benjamin.
A polícia encontrou no celular de Benjamin mensagens de uma pessoa se passando
por Anic. No texto, o criminoso dizia que não havia nenhum sequestro e que ela
estaria fugindo com o amante.
Para
realizar o crime, Lourival teria contado com a ajuda de filhos e da
companheira, segundo as investigações. Dezenas de ligações entre os suspeitos
foram identificadas no dia do crime. Todos foram denunciados pelo Ministério
Público: os filhos Maria Luiza Vieira Fadiga e Henrique Vieira Fadiga, além da
companheira Rebecca Azevedo dos Santos e do próprio Lourival.
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Jornalista Adalmir Ferreira da Silva
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