16/10/2024 | Por: Secretaria de Comunicação Social
Presidente Lula durante reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Ricardo Lewandowski e Marina Silva para envio do Projeto de Lei que aumenta as sanções penais para crimes ambientais ( Foto: Ricardo Stuckert/PR)
presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou ao
Congresso Nacional o Projeto de Lei que altera a Lei nº 9.605, de 1998, para
aumentar as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades
prejudiciais ao meio ambiente. O envio do despacho ocorreu após reunião com a
ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o ministro da
Justiça, Ricardo Lewandowski, nesta terça-feira, 15 de outubro.
"Não poderíamos deixar de enviar ao Congresso
Nacional um Projeto de Lei para ser mais duro com as pessoas que não respeitam
a questão ambiental, com as pessoas que não respeitam as leis, que não
respeitam aquilo que é essencial para a sua própria sobrevivência, que é a
manutenção de um planeta com ar capaz de a gente respirar decentemente"
LUIZ
INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente
da República
A proposta eleva penas para crimes ambientais
considerados anteriormente de menor potencial ofensivo, para facilitar a
aplicação de penas privativas de liberdade, e defende ainda a substituição de
detenção por reclusão, o que permite o uso de técnicas investigativas mais
avançadas, como interceptação telefônica e o enquadramento de organizações
criminosas. Além disso, o documento prevê a inclusão do dever de reparação de
danos climáticos e ecossistêmicos e novas causas de aumento de pena para
condutas mais graves.
"Não poderíamos deixar de enviar ao Congresso
Nacional um Projeto de Lei para ser mais duro com as pessoas que não respeitam
a questão ambiental, com as pessoas que não respeitam as leis, que não
respeitam aquilo que é essencial para a sua própria sobrevivência, que é a
manutenção de um planeta com ar capaz de a gente respirar decentemente",
destacou o presidente.
Lula pontuou que com um bom trabalho é possível
aprovar o PL em regime de urgência na Câmara dos Deputados e depois no Senado,
e que o Governo Federal está agindo para que as pessoas sejam punidas
severamente pelos crimes cometidos contra o meio ambiente. "Para que a
gente possa dizer de uma vez por todas às pessoas que agem como se fossem
bandidos nesse país, achando que estão destruindo uma coisa dos outros, quando
na verdade estão destruindo é a qualidade de vida do seu filho, do seu neto,
bisneto, das pessoas que virão. Daqui pra frente a gente não vai brincar com o
crime ambiental", ressaltou.
ENFRENTAMENTO AOS CRIMES AMBIENTAIS — A ministra Marina Silva
frisou, durante a assinatura do PL para encaminhamento ao Congresso, que o
Governo Federal tem atuado em várias frentes para fazer o enfrentamento dos
crimes ambientais. "A primeira coisa mais importante é a gente mudar o
modelo de desenvolvimento e é isso que nós estamos fazendo com o Plano de
Transformação Ecológica, com todos aqueles eixos estratégicos que vão desde
economia circular, adensamento tecnológico, infraestrutura resiliente, transição
ecológica e a questão da bioeconomia e outras agendas que nós estamos
trabalhando estruturalmente", iniciou a ministra.
De acordo com Marina, vários ministérios trabalham
na ideia de uma política ambiental transversal. Um exemplo é o Plano Plurianual
que, dos 80 programas, 50 têm ações voltadas para o meio ambiente e
desenvolvimento sustentável. "Outra coisa importante é a gente fazer
processos de dissuasão, porque é melhor a gente dissuadir do que a gente atuar
em cima do crime quando ele já está acontecendo. O agravamento da pena é, com
certeza, uma das formas de fazer essa dissuasão", declarou.
"Não há expectativa de impunidade e nem a
certeza da impunidade em um governo que não quer, de jeito nenhum, que a
criminalidade prevaleça em prejuízo do interesse da saúde humana, como é o caso
da fumaça, do meio ambiente e do patrimônio público e privado. A elevação da
pena é fundamental para que aqueles que cometem os crimes ambientais não venham
na expectativa de que terão penas alternativas, redução de pena, que é isso que
faz com que eles continuem fazendo a destruição, agravando o problema da
mudança do clima", garantiu a ministra.
ATUALIZAÇÃO DA LEI — Segundo o ministro da
Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a sistematização de todos os
projetos que estavam em andamento no Congresso Nacional é uma vitória para o
Governo Federal, porque a lei atual, vigente há mais de 24 anos, estava
defasada. "A lei previa apenas, em média, de dois a três anos de detenção
e essas penas leves propiciavam, primeiramente, a prescrição dos crimes. Em
segundo lugar, elas permitiam ou a suspensão do processo ou a transação penal
ou, finalmente, a liberdade condicional. Dos 850 mil apenados que nós temos
hoje no Brasil, apenas cerca de 350 se encontram presos em todo o país por
crimes ambientais. Isso não é possível, tendo em vista o enorme potencial
lesivo desse crime gravíssimo", resumiu o ministro.
Lewandowski detalhou que os crimes ambientais hoje estão ligados não apenas ao desmatamento ilegal, mas ao tráfico de animais silvestres, garimpo ilegal, e uma série de outros delitos que trazem lucro para diferentes setores e indivíduos que exploram ilegalmente os recursos naturais do país. "Há um órgão, que é o Grupo de Ação Financeira Internacional, que estima que o crime relacionado ao meio ambiente, só em 2022, deu um lucro estimado entre US$ 110 e US$ 281 bilhões. São vários crimes, por isso é que essa cifra varia um pouco. É um crime gravíssimo, os lucros perdem apenas para o tráfico de drogas. Então, estamos contribuindo decisivamente dentro do plano legal, além dos esforços materiais que fizemos para proteger o meio ambiente do Brasil", finalizou.
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