26/09/2024 | Por: Secretaria de Comunicação Social
(Reprodução)
As mulheres ganham 27,25% a menos
do que os homens no Rio de Janeiro. No estado, a remuneração média dos homens é
de R$ 5.568,75, enquanto a das mulheres é de R$ 4.051,19. É o que aponta o 2º
Relatório de Transparência Salarial, documento elaborado pelos ministérios do
Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres com o recorte de gênero, a partir dos
dados extraídos de informações enviadas pelas empresas com 100 ou mais
funcionários, exigência da Lei nº 14.611/2023.
A Lei de Igualdade Salarial determina a equiparação de
salários entre mulheres e homens em situações nas quais ambos desempenham
funções equivalentes (ou seja, quando realizam o mesmo trabalho, com igual
produtividade e eficiência). No Rio de Janeiro, a diferença de remuneração
entre mulheres e homens varia de acordo com o grande grupo ocupacional. Em
cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, a diferença é de 29%.
No total, 4.254 empresas fluminenses responderam ao
questionário. Juntas, elas somam 1,56 milhão de pessoas empregadas. O 2º
Relatório foi apresentado na última quarta-feira, 18 de setembro. Em março, o
primeiro relatório indicou que, em média, as mulheres recebiam 76% do salário
pago aos homens no estado, ou 24% a menos. No primeiro ciclo, 4.187 empresas
enviaram informações referentes a 1,5 milhão de pessoas empregadas.
No recorte por raça, o relatório aponta que o número de
mulheres negras é maior que o de mulheres não negras nas empresas do
levantamento, com registro de 300,3 mil e 297,3 mil, respectivamente. Contudo,
mulheres negras recebem, em média, 39,36% a menos que as não negras. Entre os
homens negros e não negros, a diferença de remuneração média é de 37,53%.
O documento registrou que, no Rio de Janeiro, 59,7% das
empresas possuem planos de cargos e salários; 38% têm políticas de incentivo à
contratação de mulheres; 42,3% adotam políticas para promoção de mulheres a
cargos de direção e gerência e 33,3% adotam incentivos para contratação de
mulheres negras. Em relação ao incentivo à contratação de mulheres LGBTQIAP+,
25,2% dos estabelecimentos contam com a política.
O relatório também apresenta informações que indicam se as
empresas contam com políticas efetivas de incentivo à contratação de mulheres,
como flexibilização do regime de trabalho para apoio à parentalidade, entre
outros critérios vistos como de incentivo à entrada, permanência e ascensão
profissional das mulheres.
NACIONAL — No Brasil, as mulheres ganham 20,7% a menos
do que os homens, de acordo com o 2º Relatório de Transparência Salarial. No
total, 50.692 empresas responderam ao questionário – quase 100% do universo de
companhias com 100 ou mais funcionários no Brasil. A diferença de remuneração
entre homens e mulheres varia de acordo com o grande grupo ocupacional. Em
cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, chega a 27%.
No recorte
por raça, o relatório aponta que as mulheres negras, além de estarem em menor
número no mercado de trabalho, recebem menos do que as mulheres brancas.
Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 2.745,76, a da não negra é
de R$ 4.249,71, diferença de 54,7%. No caso dos homens, os negros recebem em
média R$ 3.493,59 e os não negros, R$ 5.464,29, o equivalente a 56,4%.
A diretora
de Programa do MTE, Luciana Nakamura, diz que a igualdade salarial está
prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde 1943, mas que “não é
cumprida pelas empresas”. “Queremos que as empresas olhem para as desigualdades
salariais dentro do ambiente de trabalho, e, assim, possam promover a igualdade
entre homens e mulheres. Por isso, a publicação do relatório é importante,
porque vai revelar a desigualdade dentro daquele estabelecimento”, afirma.
“As mulheres
negras estão concentradas na base da pirâmide, principalmente serviços
domésticos, serviços de limpeza, serviços de alimentação, de saúde básica, nos
serviços públicos e nas atividades de gerenciamento e direção”, ressalta Paula
Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do MTE.
POLÍTICAS DE INCENTIVO — O
relatório registrou que, em todo o país, 55,5% das empresas possuem planos de
cargos e salários, políticas de incentivos às mulheres; 38,8% adotam políticas
para promoção de mulheres a cargos de direção e gerência; 35,3% têm políticas
de apoio à contratação de mulheres; e 27,9% adotam incentivos para contratação
de mulheres negras.
Apenas 21,5% possuem políticas de incentivo à contratação de
mulheres LGBTQIAP+, 24,3% incentivam o ingresso de mulheres com deficiência, e
apenas 5,5% têm programas específicos de incentivo à contratação de mulheres
vítimas de violência. Poucas empresas ainda adotam políticas como
flexibilização de regime de trabalho, como licença maternidade/paternidade
estendida (20%) e auxílio-creche (22,9%).
ESTADOS — Os dados mostram diferenças
significativas por Unidade da Federação. O estado do Ceará, por exemplo, tem a
menor desigualdade salarial entre homens e mulheres: elas recebem 9,65% a menos
do que eles, em um universo de 1.460 empresas, que totalizam 561.878 ocupados.
A remuneração média é de R$ 2.799,53.
Na sequência das UFs com menor desigualdade salarial entre
homens e mulheres aparecem Acre e Pernambuco, com elas recebendo 9,69% e 9,93%
menos do que os homens, respectivamente. No Acre, a remuneração média é de
2.217,34. Já em Pernambuco, é de R$ 2.859,04.
A maior desigualdade salarial no Brasil ocorre no Espírito
Santo, onde as mulheres recebem 29,25% menos do que os homens. São Paulo é o
estado com maior número de empresas participantes, um total de 16.898, e maior
diversidade de situações. As mulheres recebem 21,62% a menos do que os homens,
praticamente espelhando a desigualdade nacional. A remuneração média é de R$
4.992.
ONDE ACESSAR — Todos os dados estão
disponíveis para consulta no Portal Emprega Brasil - Empregador. As empresas têm até
30 de setembro para publicar o seu relatório individual no portal ou em suas
redes sociais, sempre em local visível, garantindo a ampla divulgação para seus
empregados, trabalhadores e público em geral.
Aquelas que não tornarem públicas as informações do relatório
serão multadas em 3% do valor da folha. As empresas terão o prazo de 90 dias
para apresentarem um plano de mitigação, ou seja, para reduzir as diferenças
apontadas pelo relatório. Funcionários que quiserem denunciar desigualdades
podem acessar o site Canal de Denúncias - Diferenças salariais entre mulheres e
homens.
INSTRUMENTO PARA A
IGUALDADE — Tanto o Relatório de
Transparência Salarial quanto o Plano Nacional de Igualdade Salarial são
resultados da Lei nº 14.611, sancionada pelo presidente Lula em 3 de julho de
2023. Ela aborda a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre
homens e mulheres no ambiente de trabalho, modificando o artigo 461 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Por força da
lei, empresas com 100 ou mais empregados devem adotar medidas para garantir
essa igualdade, incluindo transparência salarial, fiscalização contra
discriminação, canais de denúncia, programas de diversidade e inclusão, e apoio
à capacitação de mulheres. A lei foi a primeira iniciativa do Executivo no
primeiro ano do governo Lula, encaminhada ao Congresso Nacional em março do ano
passado e aprovada no mês de junho.
“Os grandes
objetivos do Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e
Homens são promover a entrada, a permanência e a ascensão das mulheres no
mercado de trabalho. Além disso, busca-se promover um conjunto de iniciativas
que coloquem as mulheres em outras áreas diferentes das que elas estão atualmente
no mercado de trabalho, e que são de menor remuneração”, afirma Rosane Silva,
secretária Nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados do Ministério
das Mulheres.
“Temos, por exemplo, 6 milhões de mulheres que trabalham no emprego doméstico remunerado
no Brasil. E na educação, a maioria das mulheres está concentrada na educação
básica. Na saúde, também na atenção básica. Por outro lado, ao observarmos a
área de tecnologia da informação, quem predomina? Os homens. E na ciência e
tecnologia? Também os homens. Dois exemplos de áreas que remuneram melhor. O
Plano trabalha com a perspectiva de proporcionar qualificação para as mulheres
nessas áreas ainda consideradas masculinas”.
Rosane
destaca que o Plano tem uma importância fundamental para as mães solo. “Hoje,
mais de 50% das mulheres são chefes de família no Brasil. Assim, ao promover a
entrada, permanência e ascensão das mulheres no mercado de trabalho, na
perspectiva de alcançar um mercado igualitário, com salários e condições de
trabalho justos, o Plano beneficiará toda a sociedade. Contudo, ele será
especialmente benéfico para as mulheres que sustentam suas famílias, que, em
sua maioria, são mulheres pobres e negras. A igualdade salarial entre homens e
mulheres aumentará a renda dessas mulheres e contribuirá para o desenvolvimento
da sociedade brasileira”.
Jornalista responsável:
Jornalista Adalmir Ferreira da Silva
Registro nº 0042497/RJ
Diretora Executiva:
Joana D’arc Malerbe
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