23/09/2024 | Por: Notícias ao Minuto
(Reprodução)
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) disse
neste domingo (22) que o atual ritmo de implementação das metas de
desenvolvimento sustentável acordadas pela ONU caminha para ser um fracasso
coletivo.
O brasileiro
fez um breve discurso em Nova York na Cúpula do Futuro, iniciativa lançada pelo
secretário-geral da ONU, António Guterres, para tentar costurar compromissos
dos governos em áreas como clima, inteligência artificial e governança global.
Em sua fala,
Lula defendeu a reestruturação dos principais órgãos multilaterais da
atualidade para que eles reflitam a importância do autodenominado Sul Global,
termo não oficial usado para se referir a nações em desenvolvimento.
Com o tempo
rigidamente cronometrado, o microfone de Lula foi desligado quando ele excedeu
os cinco minutos a que tinha direito. Ele continuou discursando até concluir a
leitura de seu pronunciamento.
"Voltar
atrás em nossos compromissos é colocar em xeque tudo o que construímos tão
arduamente. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior
empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornar nosso
maior fracasso coletivo. No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas
da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo", disse o presidente
brasileiro, em referência às 17 metas para promover a sustentabilidade,
erradicar a pobreza e proteger o planeta até o final da década.
Lula também
afirmou que as ações atuais para o combate ao aquecimento global são
insuficientes. "Na COP28 [nos Emirados Árabes Unidos], o mundo realizou um
balanço global da implementação das metas do Acordo de Paris. Os níveis atuais
de redução de emissões de gases do efeito estufa e financiamento climático são
insuficientes para manter o planeta seguro", disse.
O presidente
brasileiro também usou a parte final de seu pronunciamento para defender a
reformulação do sistema ONU e das instituições financeiras internacionais, para
atender as demandas dos países em desenvolvimento.
"A
maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer
cumprir suas decisões. A Assembleia-Geral [da ONU] perdeu sua vitalidade, e o
Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de
Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante
de atrocidades", declarou.
"As
instituições de Bretton Woods desconsideram as prioridades e as necessidades do
mundo em desenvolvimento. O Sul Global não está representado de forma
condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico",
acrescentou.
Um dos
principais objetivos da Cúpula do Futuro é reforçar o multilateralismo num
momento em que a relevância da ONU enfrenta questionamentos por causa das
crises geopolíticas da atualidade, como as guerras no Leste Europeu e no
Oriente Médio.
Apesar
disso, a efetividade do documento negociado, chamado Pacto para o Futuro, nasce
sob desconfianças. As potências que têm assento permanente no Conselho de
Segurança da ONU, por exemplo, estão representadas por ministros, e não por
seus governantes.
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Jornalista Adalmir Ferreira da Silva
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