24/08/2024 | Por: Notícias ao Minuto
Entenda o que é: Arritmia cardíaca: entenda problema que afetou Tite e Izquierdo em jogos da Libertadores (Foto divulgação internet)
O treinador de
futebol Tite, de 63 anos, teve um episódio de arritmia cardíaca causada pela
altitude na noite desta quinta-feira, 22. O técnico do Flamengo estava em La
Paz, na Bolívia, para um jogo entre o rubro-negro e o Bolívar, quando passou
mal. Segundo comunicado oficial do Flamengo, os exames confirmaram que Tite
teve um quadro de fibrilação atrial. A condição é um dos diversos tipos de
arritmias cardíacas, quando há irregularidade dos batimentos cardíacos, e causa
um descompasso entre átrios e ventrículos.
A mudança de
altitude pode desencadear o problema porque pode sobrecarregar o coração. Em
lugares muito acima do nível do mar - a capital boliviana está a uma altitude
de cerca de 3,5 mil metros acima do nível do mar - há a redução da pressão
atmosférica e, consequentemente, da pressão de oxigênio. Dessa forma, o coração
precisa fazer um esforço maior para funcionar normalmente e oxigenar o sangue.
"O
organismo precisa lançar mão de mecanismos para se adaptar a essas mudanças,
como por exemplo o aumento da frequência cardíaca e a liberação de adrenalina.
Associados à diminuição do oxigênio circulante, eles podem sobrecarregar o
coração e levar ao surgimento de arritmias", explica Marcelo Franken,
cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Além dos
efeitos no coração, o Mal de Altitude, como é chamado, também pode causar edema
cerebral (que gera dor de cabeça, tontura e sonolência) ou edema pulmonar, que
provoca falta de ar.
No caso de
Tite, que foi assistido pela equipe médica flamenguista, houve condições de
retornar ao Brasil para o acompanhamento do caso. Ele está sendo tratado apenas
com medicamentos no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro. Não houve
necessidade de cirurgia.
Juan
Izquierdo
O zagueiro
Juan Izquierdo também sofreu nesta quinta uma arritmia cardíaca e desmaiou
durante o jogo de seu time, o Nacional, contra o São Paulo, no estádio
MorumBis. Segundo Helio Castello, cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo
Cruz, o esforço pode ser uma das causas do problema, mesmo que o jogador tenha
um bom preparo físico. Uma corrida mais intensa do atleta, por exemplo, pode
desequilibrar a oferta e o gasto de oxigênio, provocando arritmia.
O desmaio
também é consequência do quadro. "Na hora da arritmia, (o jogador) pode
ter uma queda da pressão. Em uma pessoa que está sendo muito exigida, (a queda
na pressão) pode ser suficiente para ela não ficar em pé", analisa.
Além disso,
Castello aponta que a desidratação e o estresse podem influenciar o quadro de
arritmia, uma vez que alteram o padrão de batimentos cardíacos. "Tudo que
tira a pessoa do equilíbrio cardiovascular de forma súbita pode causar
arritmia. Como o coração bate independentemente da nossa vontade, sofre muito
com os efeitos do meio ambiente, do cérebro e tudo o que manda ordem para
ele", explica.
Izquierdo
foi internado no Einstein. Seu quadro está estável e ele permanece sob
observação.
Arritmia
cardíaca: causas e riscos
No geral, as
arritmias se dividem entre aquelas que aceleram o coração (taquicardias) e as
que tornam os batimentos mais lentos (bradicardias). Segundo Franken, são
inúmeras as causas desse problema.
A fibrilação
atrial, por exemplo, é comum em pessoas mais velhas, mas também pode ocorrer em
momentos específicos, como o caso de Tite. Na fase aguda, ela pode provocar
redução da capacidade de bombeamento de sangue pelo coração, o que pode levar a
tontura, desmaio, falta de ar e dor torácica.
Mas, se
persistir de forma crônica e não controlada, há riscos mais graves, como o de
insuficiência cardíaca e formação de coágulos no coração que podem se
desprender e levar a um acidente vascular cerebral (AVC).
Castello
explica que as arritmias que afetam os ventrículos são menos frequentes, mas
representam maior risco de parada cardíaca. Elas estão relacionadas a problemas
cardiovasculares já existentes, de forma que uma pessoa pode evoluir de um
quadro grave para algo gravíssimo, com maior risco de morte.
Há, no
entanto, tratamentos para as diversas arritmias. Em alguns casos raros, elas
podem se reverter sozinhas. Em outros, o paciente precisa de medicamentos ou
técnicas, como o uso de pequenos choques, para que os batimentos cardíacos se
normalizem.
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