15/06/2024 | Por: Agência Brasil
Brasil está pronto para assinar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia
No último dia da visita oficial à
Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, em uma entrevista
coletiva à imprensa neste sábado (15), que o Brasil está pronto para assinar o
acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Segundo ele, o
acordo agora só depende de o bloco europeu passar pelo período de eleições da
Assembleia Nacional na França, antecipadas para o final de junho, após a dissolução do Parlamento pelo
presidente Emmanuel Macron.
“Estamos
certos de que o acordo será benéfico para a América do Sul, Mercosul e para os
empresários e os governos da União Europeia.”
O
tema foi tratado com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula Gertrud von der
Leyen, durante a estada do presidente Lula na região da Puglia, onde participou da cúpula do G7, grupo dos
países mais ricos.
O
presidente também disse que voltou a tratar com as lideranças europeias sobre a proposta de taxação dos super-ricos, que
cria uma taxa global mínima de 2% sobre a riqueza dos bilionários, que
atingiria apenas cerca de 3 mil pessoas no mundo. “Eu convidei todos para
entrarem na briga contra a desigualdade, contra a fome e contra a pobreza, não
é possível que você tenha meia dúzia de pessoas que tenha mais fortuna que o
PIB [Produto Interno Bruto] da Inglaterra, da Espanha, de Portugal e da
Alemanha juntos.”
Lula
também voltou a defender uma reforma na governança global, que tem marcado a
atual presidência no G20, baseada na inclusão social e na luta contra a fome e
a pobreza mundial. Ele convidou os lideres a participarem do lançamento do
Programa Nacional de Combate à Fome e a Pobreza, em julho, no Rio de
Janeiro.
De
acordo com o presidente, é necessário que os empresários europeus aumentem o
comércio exterior para melhorar o fluxo na balança comercial. “É preciso
aumentar a rentabilidade de cada país, o comércio exterior, o fluxo na balança
comercial e quem trata disso é empresário, não é governo. O governo só abre a
porta, mas quem vai fazer negócio são os empresários”, afirmou.
Lula
disse que os líderes europeus se mostraram flexíveis sobre a necessidade de
mudanças na governança internacional, inclusive com a retomada da Organização
Mundial do Comércio (OMC) e a inserção da China no grupo. “Nós nunca andamos
tanto no caminho certo como estamos andando agora sobre a necessidade de
mudança na governança mundial, em todos os aspectos, desde a modificação do
Conselho de Segurança e a participação de vários continentes, até a questão do
funcionamento das Instituições da Bretton Woods.”
Outro
tema alinhado ao debate sobre transição energética, que também é prioritário
para o Brasil, segundo Lula, é a utilização dos mateiras críticos, na produção
de minerais. O presidente destacou que os países mais ricos estão dispostos a
ajudar os países que têm esses minerais, para que o beneficiamento seja feito
no país de origem, para eles comprarem pagando o valor agregado. “É uma
inovação muito grande e isso é unânime no G7. Vai ajudar muito o Brasil, que
tem um território muito grande e muitos minerais e, sobretudo, os países
africanos, porque terão que financiar um processo de industrialização”, disse.
Embora
não tenha tratado em discurso sobre a guerra entre Israel e o Hamas,
durante a coletiva o presidente falou que a inflexibilidade do governo
israelense dificulta o diálogo pela paz. “O primeiro-ministro de Israel
[Benjamin Netanyahu] não quer resolver o problema, ele quer aniquilar os
palestinos.”
O
presidente reiterou a defesa brasileira por uma mudança no Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). “Só será resolvido o conflito
no Oriente Médio, entre o governo de Israel e o povo palestino o dia que a ONU
tiver força para implementar a decisão que marcou o território em 1967 e deixar
os palestinos construírem a sua pátria livremente e viver harmonicamente com o
povo judeu.”
Lula
também reforçou em reunião com a presidenta da Suíça, Viola Amherd, que não
iria participar de uma reunião neste final de semana para tratar sobre uma
solução para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Segundo o presidente, o governo brasileiro e o presidente da República Popular
da China, Xi Jinping, trabalham em uma proposta de conciliação pela paz.
“Estamos propondo que haja uma negociação efetiva, que a gente coloque a Rússia
e o [Volodymyr] Zelensky na mesa e vamos ver se é possível convencê-los de que
a paz trará melhor resultado do que a guerra.”
Sobre
o papel das Nações Unidas, o presidente afirmou que considera que a
ONU tem demonstrado fragilidade com os cenários de guerra na Ucrânia e na
Faixa de Gaza, mas não acredita que haja uma mudança imediata no Conselho de
Segurança até, por exemplo, a cúpula do G20, em novembro, no Brasil. “É aquele
negócio, quem chegou primeiro na festa quer ficar e não quer dar o lugar para o
outro.”
O
presidente falou ainda sobre o encontro com a primeira-ministra da Itália
Giorgia Meloni, anfitriã da cúpula dos países mais ricos, no qual destacou a
relação entre os dois países e a convidou a visitar o país com maior número de
italianos fora da Itália. "Eu tentei mostrar para ela o histórico da
relação entre Brasil e Itália e a importância de ela ter contato com os quase
230 mil italianos que moram no Brasil, são quase 1,4 mil empresas que investem
no Brasil e geram mais 150 mil empregos”, destacou.
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