21/07/2024 | Por: Notícias ao Minuto
Prestes a completar seis anos, o episódio da facada desferida por Adélio Bispo no então candidato a presidente Jair Bolsonaro, em setembro de 2018, continua alimentando fake news e distorções, à esquerda e à direita.
(FOLHAPRESS) - Prestes a
completar seis anos, o episódio da facada desferida por Adélio Bispo no então
candidato a presidente Jair Bolsonaro, em setembro de 2018, continua
alimentando fake news e distorções, à esquerda e à direita.
O episódio
voltou à tona após o atentado contra Donald Trump no sábado (13), no estado
americano da Pensilvânia. Pouco depois do crime, o deputado federal André
Janones (Avante), um dos aliados do presidente Lula mais influentes nas redes,
postou: "Agora sabemos o que o miliciano foi fazer nos EUA assim que deixou
a presidência. É a 'Fakeada' fazendo escola".
Carlos Bolsonaro (PL), vereador pela
cidade do Rio de Janeiro e filho de Bolsonaro, reproduziu vídeo de entrevista
antiga do ex-ministro petista José Dirceu. Na postagem, Carlos sugere que
Dirceu teria classificado a facada como "erro nosso" -distorcendo a
fala do petista.
As postagens mostram como o episódio da facada continua a ser
mobilizado, tanto à esquerda quanto à direita, para alimentar narrativas
falsas.
Por um lado, parte da direita, incluindo a família Bolsonaro,
sustenta a ideia de que o crime teve mandante ou alguma conexão com partidos de
esquerda -algo descartado pela Polícia Federal, que concluiu um segundo
inquérito sobre o caso em junho deste ano.
De outro, atores de esquerda seguem
ventilando a teoria falsa de que a facada foi um autoatentado para vitimizar o
então deputado ou mesmo de que nunca aconteceu.
Em entrevistas, o próprio presidente Lula (PT) levantou
questionamentos sobre o assunto.
"Aquela facada tem uma coisa muito estranha, uma facada que
não aparece sangue em nenhum momento. O cara que dá a facada é protegido pelos
seguranças do Bolsonaro, a faca que não aparece em nenhum momento", disse,
em 2019, à rede TVT.
Segundo médicos, a ausência de sangue é normal. A hemorragia
após a facada ocorreu internamente, já que a musculatura abdominal se contraiu,
bloqueando vazamentos.
Um autoproclamado documentário, este
lançado pela TV 247, também tentou jogar dúvidas sobre o atentado.
"Bolsonaro e Adélio, Uma Fakeada no Coração do Brasil", que alcançou
centenas de milhares de visualizações antes de ser removido do YouTube por
violar os termos de serviço da plataforma, traz informações falsas e faz
afirmações contraditórias entre si, como mostrou a Folha de S. Paulo em 2021.
À direita, o ex-presidente Bolsonaro, seus filhos e aliados
ventilaram de forma insistente a teoria de que Adélio não agiu sozinho e dizem
também que a Polícia Federal não fez o suficiente para investigar supostos
mandantes do crime.
Para isso, o núcleo duro do ex-presidente lembra que Adélio foi
filiado ao PSOL. O diretório do PSOL de Uberaba (MG), onde Adélio foi filiado
de 2007 a 2014, foi investigado pela PF. Adélio nunca participou de reuniões e
se desligou por conta própria. A decisão, segundo ele, foi porque o partido não
quis lançá-lo candidato a deputado federal.
Bolsonaristas
também recorrem a um vídeo gravado no dia da facada -e compartilhado pelo
próprio Bolsonaro- em que alguém parece dizer "calma, Adélio". A PF
depois concluiu que a pessoa diz "calma, velho".
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Jornalista Adalmir Ferreira da Silva
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